domingo, 24 de agosto de 2008

Eternidade.

Eternidade.

Não, eu não tenho vontade de ser eterna. Morrer é só não ser visto. Quando se está vivo cada um leva um bicho no peito, quando se está morto, vira voz do vento.
Grilos não passam de poetas mortos.
É bom ter alguém por perto, entrar na festa e não restar, em vez de ser restrito. É bom fazer sorrisos. Não perder tempo.
Pensar que é tempo e na verdade, é espaço. Não meça espaço. Palhaço, amigo, abrigo, álcool, ausência, inocência, silêncio, esboço. Um abraço e nada mais.
Um passe de mágica no passo do mágico. Pé de laranja plantado e futebol pelo rádio.
Seja grato, mas que sua gratidão nunca seja suficiente. Quem somos para ir contra a natureza quando ela vem contra a gente?
Nem tudo é verdade e caminho. Às vezes é preciso destruir a carne para se atingir a alma, para se alcançar lógica e duvidar da certeza. Todas as bonitas mentiras têm o mesmo fim. Mais ou menos por acidente. Sem razão. Esteja certo, esteja não.
Velhos papéis, cartas nao recebidas, respostas nunca enviadas. Anéis. Saudades de quem nao conheci e de quem já não conheço. Sobra tanta falta, falta tanta gente. Amor, "quem ama é muito paciente e bondoso". Quem ama cria deuses; E São Jorge facilita, deixa a lua tão bonita. Gosto do gosto de pedra e de flor. Amor normal, ingenuidade genial.
É bom ter olhinhos infantis. Não deixar de ser criança, nem deixar de ser adulto. Mas cuidado com essas mulheres que parecem meninas, elas são muito perigosas. Você acha que são de algodão e de repente são de rosa.
Criar conceito é ter medo. Não criar, é entrar no trem do Carnaval sem conhecer as pernas da frente e nem as de trás. Pra quem vendeu a alma tanto faz. Faça o que quiser, mas sem causar o mal.
Casaco de pele rasgado, vestido novo manchado, sanduíche devorado, chuva de papel picado, vidro da janela quebrado.
Sossego e paz.
Todo mundo é João da Vida. E pode ter segunda chance se a primeira não foi a melhor opção. Ir além, deixar de ser Zé Ninguém pra virar outro João.
Há mais de uma estrada. Vivemos a vida que a gente escolheu, meu destino não é o mesmo que o seu. Corra como quem não quer parar, e às vezes pare para descançar.
"Você que inventou a tristeza, ora, tenha a fineza de desinventar", desatar o medo e sonhar.
Num instante de glória, lembrar de não trair nossa pátria desimportante, e sorrir.
Lágrima, tinta e chuva. No fundo tudo é igual. Molhado, oco, seco, cheio. Cheio de eco. Imperfeito e impossível.

Até que alguém consiga.

Lu.

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