segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

06/01/09


A pequena bailarina não conseguia entender como ou quando os acontecimentos haviam resolvido ser tão duros com ela. Duas mudanças assim, sem mais nem mais ou menos. Só menos e menos ainda. Se sentia pesada, pra baixo. Despediu-se do melhor amigo há uns seis meses, e do seu melhor amor, há exatas vinte e quatro horas. Passou o dia todo pensando nisso, o caminho de volta pra casa ficou sem sentido, por isso tentou ir o mais rápido possível.
Um senhor de bengala, bem velhinho, pele enrugada e cabelos bem branquinhos vinha vindo, ou melhor, ía indo. Ao certo percebeu a tristeza no olhar dela. Mas como? Ela nem se quer o olhara nos olhos! Numa atitude travessa e rápida demais para a idade, se lembrou da adolescência, roubou uma flor da casa de um desconhecido e antes que a bailarina passasse por ele sem ao menos notá-lo, ele lhe estendeu a flor. "Pegue moça, essa eu panhei pra você!" Então ela o notou.
Pegou a flor, agradeceu...
e continuou.

Beijo, Lu.

"Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os ohos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu. Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças."

(Cecília Meireles)

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