quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Bailarina de papel.

Naquele mundo era bom ter sonhos, porque eles não custavam nada e a gente sempre se lembrava deles. Só esqueciamos os pesadelos da infância.
No cesto de lixo morava uma moça bonita feita de papel metálico, que conhecia muito bem a história da Bailarina e o Soldado de Chumbo. Mas quando cresceu, sinceramente, passou a odiá-la. Revoltada, se perguntava 'como um Soldado de Chumbo poderia amar, se ele nem deveria ter coração?' A verdade é que ela também não deveria ter um.
Tinha o sonho de dançar feito borboleta e se apaixonar. Engraçado que apesar de sonho, ela tentava não se lembrar disso. Se acostumou com a idéia de que só seres de carne e osso, e também as plantas, pudessem amar.
Feita de um papel alumínio tirado da embalagem de um bombom, de fato parecia de chumbo, mas era molinha, molinha. Afinal, apesar do alumínio, ainda era papel.
Mas aí ela leu: Sonho de Valsa.
Sonho... sonho... valsa... sonho... 1, 2, 3 e 1, 2, 3... borboleta... valsa... 1, 2, 3 e 1, 2, 3, e apaixonar... sonho... e valsa...
E dançou.

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