quinta-feira, 18 de março de 2010

Oxitocina.

Um dia, depois de eu ter achado que tinha amadurecido um pouco, mudei o meu primeiro texto decente. Depois mudei de novo e vou mudar mais uma vez, sendo essa metamorfose ambulante. Apaguei os outros, e este registro aqui. Já escrevi no mínimo três textos sobre Lucy, e quem diria, a cada ano que passa eles não me servem mais. Como roupas que vão ficando pequenas e apertadas quando a gente cresce. Nesse caso, como na música do Teatro Mágico, a culpa é da amadurescencia. Pode me chamar como quiser, isso não fará diferença.
Eu, Luciana Corrêa Santos, 18 anos, peixes, sou cheia de fases e sou de lua. Acredito que as pessoas não "são", e sim "estão". Acredito em alguns milagres.
Acredito que fiz amigos, alguns vão ser eternos, isso garanto. Outros vão ser passageiros, mas aí eles terão outros nomes.
Acredito que fiz amores, alguns vão ser eternos, isso garanto. Outros nem tanto, daí... eles também terão outros nomes.
A melhor coisa do mundo é se divertir, é viajar, é passar mal num ônibus, é rir até a barriga doer, chorar até adormecer, lavar a roupa suja, tomar banho de chuva, é fazer e receber surpresas, e escutar risada de nenem. É viajar pra fazenda da Vó Manu, que nem minha vó é... A melhor coisa do mundo é escutar segredos e não contar pra ninguém, é ter coisas guardadas só pra si. É ter alguém que você ama bem longe, mas só quando ele chega. Porque quando ele não chega nunca... é a pior coisa do mundo. Não consigo viver sem os outros, cada um que é parte de mim, cada um que não quero esquecer nunca, cada um que me conquistou, não consigo viver sem cada um que é parte do que sou.
Acho que tudo é relativo, tudo tem motivo e tudo faz sentido. A vida é assim. A cada dia que passa um texto autobiográfico não te serve mais, e a gente não pode fazer nada. Por isso estou juntando, editando, reeditando e novamenteditando.
Amo muito a minha vida, com momentos difíceis ou não.
Quem (ou o que) as pessoas pensam que sou? Realmente não sei, e se o mundo é cruel mesmo, continuo não me lamentando.
As vezes faço o que quero, o que penso, as vezes faço o que faço. Ando meio parada, aliás sou inteira um para-doxo. E ontem, quando meu amigo disse que adorava meus trabalhos, me deu um balde de Oxitocina, o hormônio da confiança, o que me fez voltar à memória o tempo em que eu sonhava enquanto escrevia e escrevia enquanto chorava. Choro demais, vai perceber. Mas tem tanta gente que tá nem aí pra mim. E daí? Não é o fim do mundo... e não ligo mesmo.
Até hoje me afogo nas coisas que guardo e imagino que isso nunca mudará, sou tão desorganizada que as vezes me incomoda. Vivo rabiscando “Lu”, parei de desenhar.
Nunca fumei, não bebo e definitivamente ainda não preciso de nenhuma química pra me divertir.
Amo o mundo mas sinto afirmar que ele está cheio de inimigos, todo ser tem inimigos, até eu tenho! Mas pra que valem os inimigos se nao pra nos ensinar? É, eu aprendi.
Morro de medo de morrer, e no fundo, bem no fundo, todo mundo tem medo e tem vontade. Morro de medo de que as pessoas que amo morram, mas nenhuma vontade. Se penso nisso, choro.
Me sinto a vontade no escuro, e ele traz inspiração. A solidão também. Mas é ruim ficar só. Sinto medo e saudade.
Quando eu morrer EXIGIREI que alguém componha e cante uma música pra mim, e também cantem Love in the afternoom e Canção pra você viver mais (Pato Fu).
Sempre precisei de provas, ver pra crer.
Sei que nada que eu fizer, que não seja realmente muito grande, ou muito simples, ficará na memória de alguém. Um dia minha luz vai se apagar definitivamente, e não estou mais disposta a virar Lucy in the Sky with Diamonds.
Meu "agora" está passando, meu passado já passou e meu futuro vai passar. O que posso fazer? Sou tão anormal quanto você. Tão incompleta quanto você. E tão especial quanto você.

Um comentário:

AndreMR disse...

Difícil é comentar à altura do texto... Bom, o jeito é comentar em altura diferente então. :-D Se quiser, posso compor a tal música, mas como você vai morrer de velha, talvez eu precise compor essa música antes disso né. Sobre todas essas reedições, faça assim: você vai revisar você mesma a vida toda, então não apague nenhuma versão, mantenha todas. A essa coleção de tantas "edições" você poderá chamar auto-biografia. Pessoas vão passar na sua vida mesmo, como a metáfora do trem, de Roberto Shinyashiki. Algumas apenas passarão, outras ajudarão sua vida a ter muito mais sentido. Continue sim, sendo tão íntima da sinceridade, devolvendo respostas simples e diretas às perguntas complexas das pessoas, porque é disso que elas precisam quando questionam tanto. Busque até o último dia de sua vida a felicidade, porque ela passa o tempo todo escapando de nossas mãos, e isso nos dá o gostoso trabalho de buscá-la novamente. E não há nada mais reconfortante do que encontrá-la outra vez. Mesmo quando não fazemos nada aparentemente com algum sentido, talvez o "nada" seja exatamente o que deveria ter sido "feito" naquela hora. O mundo precisa de pessoas que não questionam, e também de pessoas que questionam. De pessoas que se sentem bem no claro e no escuro. Que gostam de escrever ou só de ler. É preciso haver um equilíbrio, ou seríamos apenas engrenagens de uma máquina boba. Nunca deixe que se sinta inferior ou superior às pessoas, apenas diferente. E se você for realmente especial, o tempo vai te ajudar a descobrir... faça valer a pena cada dia, cada momento, cada decisão de sua vida, mesmo que errada, porque é impossível acertar sempre. Esse mundo tem muitos defeitos, mas nem assim podemos desperdiçar essa oportunidade ímpar de ser feliz. Te cuida, escritora. ;-)